domingo, 17 de outubro de 2010

- Que que a gente vai fazer hoje?

- Sei lá, alguma coisa boa, bonita, e cara que eu estou afim de estravasar!

- Eu topo até o bonita, o cara não vai dar não.

- Ah, Débora, você sempre me chama pras coisas e não quer gastar dinheiro. Sua polpança vai ter que fazer redução de estômago de tão gorda que está!

- Mas é porque eu gastei dinheiro demais ontem, então não vai dar.

- COMO ASSIM GASTOU DINHEIRO E NÃO ME CHAMOU?! Eu achei que fossemos amigas pra qualquer hora...

- Calma, Alice, eu não fiz nada de mais

- COMO NÃO FEZ NADA DE MAIS? VOCÊ GASTOU MUITO DINHEIRO ONTEM, deve ter ido no mínimo num lugar caro. E pior: NÃO ME CHAMOU!

- Não dava pra te chamar...

- DÉBORA?! COMO ASSIM?! VOCÊ NÃO ME CHAMA, NÃO QUER SABER DE MIM...! Você saiu ontem e nem falou nada, nem pelo menos me contou a verdade por maaais que doa em mim!

- Eu saí com uma pessoa Alice, por isso não te chamei. Você não ia querer ficar num Jantarzinho a dois, né?

- MESMO ASSIM! VOCÊ NEM ME CONTOU, DÉÉÉÉÉBOOOORA, você não me conta mais naaaaada! VOCÊ ESQUECEEU DE MIiiim? Aliás, jantar com quem?

- Ah,com um cara aí... Ele me ligou, convidou e tal, aí eu topei. Homem dando mole, minha filha, a gente não perde tempo.

- Eu quero fatos concretos, Débora. Nada de generalização. Vamos logo, Lugar, Horário, Roupa sua e Roupa dele, perfume...

- Ah, ele me pegou aqui em casa às oito, aí tivemos a idéia de uma coisa light, pra quebrar a rotina. Ele tava usando um perfume forte, bom pra caramba! Calça jeans, bem básico mesmo. Adoro.

- E você?

- Eu tava com aquele salto-prédio, lembra? Um vermelho que você gosta?

- SEEEEEI! Menina, eu quase comprei um igual pra mim, mas aí a gente ia ficar igual e acabei não comprando. Porque que eu sinto que você não quer me contar onde voces jantaram? DÉBORA, pára de me esconder as coisas? Caaaara, eu já to sentindo isso há muito tempo, você não me conta nada, não quer saber de mim, fica me escondendo, sai sem mim, poxa, eu achei que nós fossemos amigas pra sempre, você sabe que eu to aqui pra tudo, mas você...

- ALICE, PÁRA DE DRAMA! Eu não te conto nada, não te falo nada, não te chamo pra nada porque eu VIVO COM VOCÊ. Qual foi a última vez que vc falou comigo?

- Hoje. Na hora do almoço.

- E QUE HORAS SÃO?

- Cinco e meia da tarde.

- Ahm, bem. Pensei.

- AAAAh, MESMO ASSIM! Você não quer me contar onde vocês foram!

- Você quer saber quantos fios de cabelo eu tenho também? Deixa eu contar...

- DÉBORA, Pára de me tratar igual a criiiiaaança, eu odeioquandovocêfazisso, caaaran. Odeio quando vocêfala as coisas e nãomedeixa pensar... Me conta onde vocês jantaram. Hihihi

- No restaurante do Shopping.

- VOCÊ FOI AO SHOPPING E NÃO ME CHAMOOOU?? DÉBOOORA COMO ASSIM!??!! Débora! Olha como você não quer saber de... Eu não acredito que você fez isso.

- Eu só fui ao Shopping jant...

- Eu não acredito que você saiu com o gerente do restaurante! E NÃO ME CONTOU! Sua traidora!

- Não sou traidora porque ele não era nada seu! Você que é escandalosa e não sabe paquerar!

- Eu sei paquerar sim! E NÃO sou escandalosa. E você é TRAIDORA porque EEEEEEU achava ele bonitinho. DÉBORA, eu esperava de qualquer UUUUUUUM menos de vocêêêê!

- ALICE! A culpa não é minha se ele ligoooou pra mim e não pra você!!

- MAAAS EEU QUER QUERIA SABER DEEELE e não você!

- QUE QUE você queria que eu fizesse?

- DESSE MEU TELEFONE PRA EEELE! Falasse bem de miiiiim! Que eu não sou escandalosa! Contar a verdade!

- Que verdade? Que você não é escandalosa?

- É!

- Ah, Alice, dá um tempo.

- Então tá. Sabe quem que eu encontrei semana passada?

- Quem?

- O Pedro.

- VOCÊ ENCONTROU O PEDRO?! COOOMO ASSIM VOCÊ ENCONTROU O PEDRO E NÃO ME CONTOU?! Que absurdo! Não acredito que você fez isso! EU ESPERAVA ISSO DE QUALQUER UM! Menos de VOCÊ!Isso é chantagem!

- A culpa não é minha se eu sei paquerar! E não é culpa minha se ele chamou a miiim e nãão a você!!!

- COMO ASSIIIM VOCÊ SAIU COM EELE ANTES DE MIIIM E NÃO IA ME CONTAR NADA?! Isso é traição, Alice. Você comprou uma briga à vista e você não vai poder devolver. E ela custou caro, custou CARO, custou MUITO CARO!

- O Pedro vale isso tudo? Ah, Débora, dá um tempo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Alegria de pobre dura pouco

- Alice, entra logo!

- Não vou entrar Débora! Olha a quantidade de gente que tem nesse lugar! Cruuuzes! Muita gente fedorenta, vamos embora!

- Alice! E-N-T-R-A no ônibus!

- Ô, senhora! Vai o fica? Vamos embora! Tem gente aqui com filho em casa pra criar!

- Eu também tenho um monte de filho pra criar! Você acha que é fácil?! São...

- Cala a boca, Alice! Vamos logo! Passa na roleta!

- Débora ela está suja! Um monte de gente passa aqui! Tá cheia de germes, microbios, microbacterias com microvilosid...

- D-A-N-E-SE!

- Pára de gritar comigo! Sua grossa...

- O Waldir! que que tá acontecendo aí atrás, mermão?

- Tá na paz, Tônio, tá na paz! As senhoras vão entrar ou não? Dois e trinta a passagem, vai pagar as duas?

- QUANTO?! Dois e trinta?! Moço, dois e trinta não tem nem ar condic...

- Ai, meu Deus, dai-me paciência, porque se der forças eu arrebento sua cara, Alice! PASSA!

- DÉBORA! Como que você dá 2,30 num ônibus sem ar condicionado com gente saindo pelo ladrão? Moço o senhor sabia que a gratuidade aumenta o preço da nossa passagem!? Isso é um absurdo! Direitos iguais, com toda a licença, moça, posso passar aqui? Moça, dá licença?

- A SENHORA NÃO TÁ VENDO QUE EU TO COM UMA CRIANÇA NO COLO?! CHEIA DE SACOLA?! JÁ ESTOU DANDO LICENÇA, SE A SUA BUNDA NÃO PASSA AÍ,SINTO MUITO! ISSO QUE DÁ PATRICINHA ANDAR DE ONIBUS DE SALTO FINO! Vaaamos embora motorista! Anda que amanhã eu trabalho!

- EEU TAMBÉM TRABALHO! DIGNA E HONESTAMENTE! Quem a senhora pensa que é pra achar que eu sou desocupada? EEE me chamar de patricinha?! Eu não sou patricinha! E o MEU bumbum passa aqui sim, mas infelizment...

- SHHHHHHH! Silêncio aêêê, Senhooora! Po, vamo lá...

- Ai, que gente mal educada...

- Alice, segura...

- Segurar? Aonde? Você me enfia num lugar sem espAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

- ALICE! AJUDA, MEU DEUS!

- DÉÉÉBORA! ME LEVAANTA!

- ALICE LEVAAANTA! EU TO CHEIA DE COISA! AI MEU DEUS!

- DÉÉÉBOOOORAA EU CAAAÍÍÍÍÍ!

- A senhora está bem? Machucou?

- Não, não machuquei, o senhor por favor não me incomode, já estou por demais desacomodada neste lugar cheio de gente, cheio de coisas empoleiradas, por favor, não venha com mais... eu não acredito.

- AAALICE! Você está beem? Dá licença, moço, que o negócio aqui tá feio. Puxa a cordinha, vamos...

- Débora...

- Pronto, Alice, você me convenceu! Vamos desc...

- Débora.

- Quié, Alice? Já não basta esse escândalo todo?! Não é hora de pedir desculpa. Moço, deixa eu pass...não acredito.

- Nem eu.

- É, eu acredito. Deixa eu finalmente me apresentar: Fernando, o gerente do restaurante.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Banco do Brasil, o banco feito pra você.

- Bom dia, em que posso ajudá-las?

- PODE ME AJUDAR COMEÇANDO A EXPLICAR PORQUE MEU CARTÃO FOI BLOQUEADO!

- Pega leve, Alice...

- Débora, o cartão é meu, o banco é meu, o gerente é meu, deixa que EU resolvo.

- O que aconteceu, Alice?

- ACONTECEU, como é que é seu nome? RICARDO. ACONTECEU, RICARDO, QUE ONTEM MEU CARTÃO FOI BLOQUEADO! Eu estava prontíssima nalojada qualeufaçopropaganda, experimentando meu vestido, oúltimovestido e mais lindo e mais caro e na hora de pagar, TCHARAM! Não autorizado.

- Você deve ter digitado a senha errada, Alice...isso demora algum...

- Não digitei senha errada C-O-I-S-A N-E-N-H-U-M-A! Minha senha é 0436 e eu digitei 0436 direitinho com Enter!

- Agora o cartão dela vai ser bloqueado.

- Menos palpite mais ação,Débora! Eu guardei dinheiro o mês inteiro, me segurei pra não gastar com coisas necessárias só pra essa dádiva do alfaiate, pra eu ficar linda pro meu futuro namorado e o cartão bloqueou?? Um ABSURDO! Como o Felipe vai me ver assim?!?!

- Senhoras, me desculpe, eu sou o Segurança do banco, queria pedir pra que as senhoras falassem um pouco mais baixo, por favor, pois a polícica pode ser acionada automaticamente.

- QUE a Polícia seja acionada! Tenho mil reclamações a fazer sobre o banco...

- Alice, se você não calar a boca agora quem vai dar uma queixa contra você sou EU!

- E vai dar queixa contra que?

- CONTRA seu comportamento! Você está infingindo a Lei do Silêncio e da tranquilidade pública! São dez horas da manhã!

- Seu segurança, pode ir, pode deixar que eu resolvo o problema, pode ir, obrigado...Alice, nós vamos resolver esse problema agora mesmo, me de o número do cartão.

- Vamos resolver agora mesmo. Adoro gente ágil. Eu já estou estressadíssima com o Banco, acho um absurdo, 17895963542875528 o número do cartão, essa não é a primeira vez que acontece...

- A primeira vez aconteceu porque você estava no limite do limite

- Débora, sem comentários. Já estou por aqui que não vou ao aniversário do Felipe e a mocréia da Larissa...

- O número não bate.

- Como assim o número não bate? Claro que bate, Ricardo, cartão é vocês, eu fiz e você me entregou. Tá vendo? Eu já estou decidida, não quero mais. O número é 178959635...

- Alice, calma, não vamos fazer nada de cabeça fria, me empresta o cartão...

- Cabeça fria? Não estou com cabeça fria. Quero cancelar, toma, minha conta, não estou satisfeita com vocês faz teemp..

- Alice...

- Ricardo, sem propaganda, não quero, quero cancelar...

- Alice.

- Que foi?

- Não posso cancelar sua conta.

- Porque não!?

- Porque esse cartão é do Itaú.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Tê maiúsculo

- FAAAAAAAAAAALA ELÔ!

- Rafa, preciso de você...

- Que que aconteceu, amiga?

- To ferrada, to ferrada, desesperada, com a corda no pescoço...

- Elô, que que aconteceu?

- Você lembra que eu falei pra você que eu tinha brigado com a minha mãe?

- Claro que eu lembro, até aí nada de novo...

- Pois é.. semana passada a gente discutiu feio né. Mas foi muito feio mesmo. Aí eu fiquei chateada, falei umas verdades na cara dela, aí ela ficou enchendo o saco...aí, você lembra que eu tava ficando com Lucas mês passado?

- Lembro...

- Então, a gente voltou a ficar tem umas duas semanas, a gente tá se vendo depois da escola e tal...

- Ah, que bom que você me conta as novidades, isso aí, amiga serve pra isso né.

- Calma vou contar. Amiga, o Lucas tem umas COOOOISA. Aliás, ele tem VÁRIAS COISAS. Pra começar ele tem uma barriga definida que só eu pra te contar. Rafa, quando ele vem falar comigo é uma coisa de louca, eu fico trreemnendo toda, cara. Acho que to apaixonada. Tá isso é outro assunto pra ser tratado COM calma. Mas tá. Aí a gente tava se vendo todo dia na escola né. Aí eu contei pra ele o que tava acontecendo com minha mãe, ele ficou mal, queria me ajudar, aí eu saia da escola e ficava com ele e tal...

- o Lucas entendeu seus problemas? você tem certeza?

- Tenho, claro que tenho. Tipo, ele tava super carinhoso, falava que queria ficar comigo, me ajudar, aí ele falava que podia fazer qualquer coisa e tal... Aí na terça retrasada eu fiquei de almoçar com ele ali no restaurante do Juninho, aí depois a gente foi pra casa dele e tal...

- To até vendo.

- Eu também. Tava vendo tudo. Aí tipo, eu fui terça pra casa dele, mas eu tava tão exausta, porque na terça de manhã antes da escola, minha meu tinha bebido, tava irriante, ah, um saco.. Eu nem fui pra escola na quarta.
- eu lembro disso.

- Pois é. Meu celular tinha ficado em casa... Cara, o Lucas tá comigo, ele tem uma coisa que, RAFAELA, você não tá entendendo. sei lá, acho que o fatodeelemeenvolvertantomedeixalouca. Acho que eu to gostando del., Tipo... quando ele termina de jogar futebol no prédio, eu fico olhando da janela, aí ele chega todo suado, com aquele barriga, aquelas costas, que...

- Ai. não tem definição.

- NÃÃO. CLARO QUE TEM. tem uma definição absurda, perfeitinha, uma coisa MARAVILHOSA. Sei lá, to ficando com ele direto até então, cara. Ele é muito bom.

- Elô, uma coisinha.

- Hum.

- Até agora eu só vi coisa boa...

- A parte ruim vem agora. Na sexta de manhã eu voltei pra casa

- Sexta? Você tava na casa do Lucas desde Terça? ELÔ! O Lucas mora...

- É. Eu sei, mora sozinho, mora junto com os garotos, mas tava só a gente lá. Voltei sexta passada de manhã e tal... Aí ontem eu recebi o meu Castigo Divino, a pior notícia que eu poderia ter recebido no Universo, foi minha condenação. Acabei com minha vida, o que que as pessoas vão pensar de mim?? Eu não queria ter feito isso, sabe? Foi automático, eu fui ficando e ficando, perdi a menor noção do que eu tava fazendo comigo... duas semanas que a gente tá junto, cara, perdi completamente a noção do tempo com ele...

- Elô, v-a-m-o-s p-o-r p-a-r-t-e-s. Me conta direito isso.

- Cara, você é a única que sabe, por favor, continue sendo a única sabendo. Na quinta eu recebi a minha DIM

- Traduzindo...

- Declaração de Inutilidade Mental. To ferrada, minha mãe me deu um esporro, to ferrada, já falou que vai fazer o Diabo comigo...

- Amiga, querida, linda. Eu estou ficando aflita. Mas eu quero ouvir da sua boca.

- Meu boletim chegou hoje. Fiquei em 8 matérias. To reprovada.

domingo, 13 de junho de 2010

- Eu te disse que não era pra ter ligado...

- Mas foi ele que pediu!

- E dai Jú?! Você sabia que tava fazendo coisa errada...

- Ai, nao briga comigo... Você sabe que eu não consigo...

- Ah, não consegue? Não consegue simplesmente deixa o telefone do seu lado e não encostar nele...

- Não, não consigo ficar um dia sem falar com ele!

- Eu já te disse que você tem que parar com essas ideias fixas cara...

- Ah cara, eu sei que eu to errada, que eu sempre fico mal depois..

- Você já sabe tudo que precisa saber, porque não muda então? É fácil...

- Você tá me torturando...

- Tortura é o que você ta fazendo com você mesma! Você sabe que o João tem namorada...

- Mas e as coisas que ele me fala!? Pô, pra que ia gastar o tempo dele a toa?!

- Ô Jú, você não é bobinha, sabe muito bem que não tá gastando tempo a toa.. Ele quer te ter ali, do lado, sempre que precisar de alguém...

- Ta me chamando de 'step'?

- Você que tá se colocando nesse papel... Será que você não percebe cara?! Ele não gosta
de você de verdade, senão não estaria te fazendo passar por isso!

- É, você tem razão...

- Tá vendo! Amiga, é pro seu bem... Para de ouvir o que ele fala, não liga mais pra ele. Esquece! Você é linda, merece coisa muito melhor!

- Eu sei, vou tentar... Brigada, Dani!


...

- Alô, Dani?!

- Oi, Júú! Como você tá?!

- To bem e você? Tem uma semana que você não me liga...Aconteceu alguma coisa?

- Er...Não...Bom, tem uma coisa que eu tenho que te contar...

- Ué, conta...

- Soube que o João terminou né?

- Soubee, te liguei pra contar isso...Pode ser que agora ele queira, sei lá, falar comigo, quem sabe...o que você acha?!

- Acho difícil...

- Difícil? Como assim?

- É que eu to namorando com ele...

Coisas que todo garoto não quer saber

- Graaaande Gustavãão!

- ''Grande Gustavão'', sinônimo de grandes problemas...

- Nada cara, e aí?

- tudo na paz, e contigo?

- também tudo tranquilo. qual a boa?

- porra cara, assumi.

- Gustavo, por favor não diga que você assumiu o que eu estou pensando que você assumiu.

- Não Leo, não sou viado não.

- Caralh.. moleque. não brinca mais assim, não. Tu ainda vai matar o leozão de susto. Mas falaí. assumiu o que?

- ah, cara.. assumi e dane-se, to gostando da Letícia pra caramba e cara. já devia ter dito isso a ela há muito tempo.

- você tá falando sério, Gustavo?

- to porra.. sei lá, quando eu to perto dela é esquisito, sei lá.. ela tem um clima diferente, uma coisa a mais.. sei lá. todo mundo fala dela, que ela
é isso e tal, mas cara. acho que ela tá na minha e po, eu já tava afinzão dela muito antes, mas antes era só pegação, mas cara.. ela tem UMA senhora COISA.

- po, cara, a Letícia é meio...

- aah, eu sei, to nem aí, quando a gente gosta a gente assume, a gente não manda no coração...

- hm, to ligado...

- po, eu falei pra ela que eu queria falar com ela né.. aí ela ficou meio bolada... a galera tava dizendo que ela tava amarrada já, acho que ela ficou com medo de eu terminar e tal

- essa galera se chama Hugo. aliás, tenho que te contar uma parad...

- tá, calmaí, deixa eu terminar. aí eu levei ela pra dar uma volta na praia né, isso era de tarde, a gente ficou conversando, eu nunca tinha sentido isso por ninguém, foi esquisito, mas aí a gente foi se falando.. cara, ela assim como todo mundo é uma coisa, mas ela por dentro é outra coisa, eu conheci ela mais a fundo... ela tem um jeito de falar que vou te contar. ela vai envolvendo e tal, tem uma voz suave... a gente conversou sobre um monte de assuntos, sabe? várias coisas que eu nunca imaginei que ela fosse conversar... eu nem fiquei com ela nesse dia. quando eu olhei pro céu, tava no pôr-do-sol já, tava um dia maravilhoso. ela tava linda, tava de short e...

- Gustavão, poss...

- peraí, rapidinho.

- hum...

- ela tava de short,camisetinha, rasteira... tava muito linda, toda simples assim... aí eu fui levar ela em casa, aí a gente passou em frente a floricultura, eu comprei uma rosa pra ela, aí ela deu aquele sorriso assim, passou a mão no meu rosto, foi tenso... mas ela falou que não sabia e tal se queria namorar, porque não estava segura, mas ela falou que tava gostando muito de mim, e eu falei pra ela que eu nunca tinha namorado, que a gente podia aprender juntos, que eu não era qualquer tipo que ela podia brincar, eu queria uma coisa mais séria, acho que eu to apaixonado por ela, sei lá, não sei o que é isso, só sei que quando ela chega perto eu saio de mim, nem sei mais quem sou eu.

- po cara, tu tá gostando mesmo da Letícia?

- to, ué, porque?

- preferia que tu tivesse dito que era gay.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

- Amiga, você não sabe o que aconteceu comigo ontem...

- O que?

- Então, eu fui com a Jú naquela boite nova que abriu...

- Que boite?

- Po Débora, aquela que abriu perto da casa de Pedrinho, 'La' alguma coisa...

- Ah, sei...po, nem chamou hein?!

- Será que pra deixar eu contar o que aconteceu??

- Ta Alice, conta...

- Então... Eu e a Ju estávamos lindas... Eu fui com aquela saia preta que a gente comprou igual, lembra? Tava com uma blusa meio estampada que ela me emprestou e com um saltão vermelho que comprei sexta-feira, naquela loja que a gente gosta...

- Gostei da roupa, acho que ja sei qual é a blusa, mas continua...

-Ai a gente tava la dançand, fomos pra perto do bar e eu vi o Gustavo de longe. Comentei com a Ju que ele tava la, mas continuamos la perto do bar e nem me movi pra falar com ele...

- Isso ai amiga!

- Ai, veio um cara fala comigo, ele era bonito, tinha um papo legal...Fiquei conversando com ele um tempão...Mas, chegou uma hora lá, que o Gustavo apareceu do nada do meu lado ai falou assim: "Ta precisando de ajuda ai?", ai eu falei "NÃO!", ai o cara ficou me olhando meio sem entender nada ne?!

- Ai, a cara dele fazer isso!

- Pois é.. ai ele ficou la querendo atrapalhar a conversa e o cara tentando tirar ele de la, e falando: "Gustavo, sai daqui... Não preciso da sua ajuda", ai ele virou de costas e ficou conversando com uns amigos do nosso lado...Nisso, a luz meio que aumento perto de onde a gente tava, ai eu olhei pro cara que eu tava conversando, ele me olhou com uma cara engraçada, ai falou: "Cara, acho que te conheço de algum lugar...", e eu meio que reconheci ele também, era familiar... Ai a gente ficou um tempo pensando... ai ele: "você tem uma amiga chamada Débora?"

- EU??

- É, DEIXA EU TERMINAR!

- Ta, calma...

- Então, ai ele perguntou isso...ai eu falei: "Aham, você conhece a Débora?", ai ele: "Não, mas vocês duas costumam comer naquele restaurante do shopping né?"...achei estranho ele falar isso, eu hein.. a gente só almoça lá algumas vezes,e pra nunca mais né?! como ele poderia saber? ai falei: "Bom, a gente até gostava de lá, mas lá tem um atendimento péssimo, você acredita que o gerente queria me obrigar a pagar OITO REIAS por um CAFÉZINHO? Nem tava tão bom assim...Eu hein, cara doido, ainda por cima era mal educado...Mas como você sabe? Você trabalha no shopping?", ai é que vem o pior...

- Ai Alice, conta logo, fiquei curiosa...

- Pois é, ele falou: "É Alice, trabalho sim...Sou o gerente do restaurante."

Moço, olha só...

- Mas e aí? Como está lá na empresa?

- Tá tudo bem, cara. A gente tá com uma galera nova, pegamos dois estagiários ontem. O pessoal tá disposto, isso é bom.

- A conta, senhoras.

- Vocês aceitam cartão?

- Sim só um minuto por favor.

- E o Paulo, coméque tá?

- Ah, sinceramente? Eu corri tanto atrás desse trabalho, não é por causa de um babaca que eu vou largar meu emprego. Eu to bem lá dentro. Acho que consigo aguentar o Paulo até o fim dos meus dias.

- A senha por favor.

- Pronto. Me vê um cafézinho, por favor?

- Claro.
...

- A senhora vai pagar no dinheiro ou no cartão?

- Pagar o que?

- O café.

- Pagar o café?
- Moço, quanto custa o café?

- Oito reais.

- OITO REAIS?!
- OITO REAIS?!

- OITO REAIS por um cafézinho? Moço, o senhor enlouqueceu?!

- Calma, Alice.

- Calma nada, depois de almoçar aqui, minto, ter um prejuízo altíssimo aqui, porque convenhamos, a Eduarda fez uma propaganda enganosa, eu ainda tenho que pagar oito reais por um café?!

- Eu sinto muito, diz o garçom.

- Eu também, vamos embora, Débora!

- Alice, você não vai sair sem pagar.

- Senhora eu vou ter que chamar o gerente.

- Pode chamar, coloca ele do meu ladinho que eu quero ter uma conversa com ele.

- Alice, sem confusão, dá logo os oito reais do cara e vamos embora.

- Senhoras, posso ajudar em alguma coisa?

- Pode, pode começar chamando o gerente que eu tenho uma reclamação a fazer.

- Pois não, e sou o gerente do restaurante.

- Alice, vamos...

- Cala a boca, Débora. Seu gerente, o senhor sabe quanto custa o seu café?

- Claro, eu sou o gerente do estabelecimento.

- Mas eu não perguntei o seu lucro. Perguntei quanto ele custa pra ser produzido.

- Minha senhora, eu sou o gerente do restau...

- Pois bem, como gerente do restaurante, o senhor deveria saber que uma xicrinha de café, custa oito reais. Mas vocês cobram 6 vezes! do valor que é gasto pra produzi-lo. E se o senhor for um bom economista, o senhor vai entender que existe uma margem de erro de toda venda e que os produtos vendidos aqui não podem ser pagos pelos oito reais do seu café. Porém, o custo de produção do café pode muito bem ser sanado quando o senhor vende os outros produtos.

- Alice, pára de show. Paga logo os oito reais do homem e vamos embora.
- Não-vou-pa-gar-na-dá. Aliás, moço, o fogo que o senhor usa pra fritar minhas batatas fritas (outra reclamação que tenho a fazer, elas estavam murchas) é o mesmo fogo que o senhor usa pra esquentar a água do meu café, com o mesmo gás.

- Senhora o café é expresso.

- Outra reclamação, eu pedi ao garçom que o café não fosse expresso e o garçom disse que já ia trazê-lo. Portanto, funcionário mal informado e mal atendimento.

- Senhora, tudo bem, pode ir, não precisa pagar o café, fica por conta da casa, muito obrigado. Se me derem licença...

- Eu que agradeço moço, muito obrigada, desculpe a situação embaraçosa. V-A-M-O-S embora, Alice.
- Nunca mais venho nesse restaurante.
- EU que nunca mais venho a restaurante com você.
- Débora, eles queriam que eu desse oito reais no café! Eu não...
- Eu entendi, Alice, eu estava lá. Onde paga o estacionamento do Shopping?
- Não sei, pergunta ao segurança...

- Moço, onde paga o estacionamento?

- No segundo andar!

- Muito obrigaga!
- Muito obrigada!

Algumas lojas depois...

- Onde você deixou o carro?
- No 3G eu acho...
- Paga aí que eu vou procurando.
- Peraí, Alice, você tem trocado pro estacionamento?
- Tenho. Viu? Se eu tivesse pago o cafézinho não ia ter dinheiro pro estacionamento. Eu falo que esse tipo de coisa é um absurdo,aí quando vocês preci..
- ALICE, o dinheiro.
- Quanto que é o estacionamento, moço?

- Sete reais.

- SETE REAIS?!
- SETE REAIS?!

- SETE REAIS pra deixar meu carro na garagem do Shopping por UMA hora?! Moço, olha só...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fim de festa

- Sabe aqueles dias que tudo dá errado? Pois é. Tenho tido vários "aqueles dias em que tudo dá errado". Cara, posso fazer o que? As coisas acontecem, as oportunidades aparecem, a sei lá, cara, problema dele que não quis... Mentira eu que não quis. Tá vou contar a história verdadeira e não ser passional. mentira, eu vou ser passional.

Po, faculdade, a galera e tal... cara, mó merda essa coisa de ter ex estudando junto. faculdade pior ainda. A gente já tinha mó rolo, mas cara, não queria namorar mesmo, não queria, e pronto. E choppada, né? Pff.. É choppada! Assumo, sou sincera. Assumopramimmeuverdadeiroeuquandoeuficobebada. Isso significa dizer que quando você quer saber de alguma coisa, é só me dá meia dúzia de copo de cervejaque eu jáfico meioassim. Tá, acho brega, mas enfim.

Ah, eu tava lá, a galera, música, ele no palco olhando pra mim... Aliás, ele no palco. é um caso a se pensar. Fato. Enfim. Eu tava tranaquilona cara, aí ele veio, né..

- ele saiu do palco pra ver você?

- não.. ixi, quemmedera. esse é outro. a gente se conheceu sei lá tem umas três semanas. mentira, deve ter umas duas. Cara, foi da festa de Dudu!

- a festa desse Dudu não ia ser sexta feira?

- Isso, sexta feira! Aí ele veio, a gente começou a conversar e tal.. eu nem seu se ele tava vendo lá do palco, tinha uma menina breeega, pqp, gente ela era muito brega. (ah, eu fui com uma blusa que vc ia amaaar. eu te empresto depois) aí po, dá mó T maiúsculo quando ele chega, cara.. falo mesmo. aí a gente ficou, beleza. porra. chorei. Tava tudo tranquilo e tal, ele terminou de cantar, foi resolver umas paradas do som, seilá de um problema desses aí de fio e tals... aí veio conversar comigo, ficou meio assim.. e tiipooo, eu tava abraçada com o cara da festa do Dudu, aí eu vi ele vindo na minha direção, ele tava meio de costas dando tchauzinho, cacete. Foi o tempo eu dizer 'cara sai daqui finge que a gente tá rindobemtranquilão!' e sorri né?! tipo Dalissa quando finge que entende.

- você é loouca!

- nãão, tem maaais! se liga. aí a gente ficou conversando.. aí ele pediu rpa ficar comigo de novo e tal.. aí ficou e puxando, querendo me dar um beijo.. cenahiláária.

- e o cara da festa?

- o caaara da festa tava do meeu lado! dava tudo pra ser uma mosquinha pra ver essa cena. pior que se eu fosse uma mosquinha não ia ter cena. tá. anyways. cara, tava muuito doido. eu com os dois, tipo, eu tinha acabado de ficar com um. mas cara, não fiquei com ele não. eu empurrei, po, ia ser mó sacanagem.. aí eu falei pro cara da festa de Dudu.. ME DÁ UMA VODKA? tem drink de que lá? vamos comigo??.. aí ele ficou sem entender né.. aí me gritou e báh.. mas eu fingi que não ouvi. MASOCARA da festa de Dudu voltou, e aí eu vi pelo vidro, mas eu não consegui ouvir né. aí ele voltou e tal e a gente foi junto. aí ele perguntou que que tava acontecendo e eu expliquei que eu já tinha ficado com ele. aí ele ficou meio puto mas dane-se. conhecia ele a dois dias só.

- mas ele já conhecia o cara?

- já cara, eles trabalhavam junto!

- GAROTA, VOCÊ ENLOUQUECEU?

- não, bebialguumas.. mas tava bem po.

- só uma pergunta.

- calmaí, deixa eu terminar. aí tá aí a gente foi pegar um chopp e tal e cabou... aí ele já tava meio mal, e pediu pra ir pra casa, peguntou se eu não queria que me levasse... aí eu falei: po, claro que não. vai direto, toma um banho, amanhã a gente se fala.. aí ele beleza. ai ele foi embora. A festa tava no final já, as meninas tavam querendo ir embora.. não mentira. Não, esqueci, Fernanda cara! Lembra dela? Ela tava pegando Mauríiiicio caara! Ecaaa! aí beleza. aí depois as meninas tavam querendo ir embora, a Fê levou o Mauricío em casa que ele tava mal e tal..

- Coitado dele cara, vc não devia ter ficado com o amigo de Dudu..

- Porque não?

- Ah, porque vcs já tinham mó rolo e tal...

- e daí?

- e daí que sei lá. acho que ele deve ter ficado mal..

- ficou nada, eu peguei ele depois.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

fica mais um pouco...

- oooi!

- oi

- tudo bem?

- aham

- por que você tá assim comigo?

- por que você tá me perguntando isso?

- não sei, você tem estado diferente de uns dias pra cá...

desde...

- eu sei...me desculpa, é que é difícil pra mim...

- o que é difícil?

- tudo!

- "tudo" não me esclarece muito...

- você não precisa pensar muito pra entender, a gente não devia ter feito o que fez, eu não podia ter permitido...

- ah, esse é o problema?

- não entendi esse seu tom...

- não acho que seja motivo pra isso tudo, relaxa ué!

- relaxa? você não entende mesmo né?

- eu to brincando, entendo sim. Só acho que o que nós dois temos um com o outro é muito mais importante que qualquer coisa!

- você não pode dizer isso, é sua namorada!

- mas eu amo você!

- não me fala essas coisas, por favor!

- mas é a verdade! desde aquele dia não parei de pensar em você um minuto sequer, você é linda, e eu morro de saudades só de pensar em nossos momentos juntos...

- não faz isso...

- você não acredita?

- como vou saber?

- você nunca vai fazer nada na vida se não tentar...

- o problema é que eu e você não temos chance de ficar juntos, a gente só tem algumas horas e depois acaba...você tem sua namorada e eu, fico sozinha...eu não posso passar por esse papel, não dá.

- você tem razão, eu sei...mas que que eu posso fazer se morro de saudades? eu não aguento te olhar e não te beijar, te abraçar...

- a gente vai ter que aprender a lidar com isso...

- não quero!

- então desculpe, vou ter que continuar tentando sozinha...

- não faz isso...

eei?

fica só mais um pouco...por favor...

- pra quê?

- pra conversarmos mais...

- conversar sobre o que?

- para de ser fria! você não gosta de lembrar de tudo que a gente passou?

- mais ou menos...

- como assim mais ou menos?

- é bom lembrar de quando estamos juntos, e é péssimo saber que quando não estou com você, seus carinhos são de outra pessoa...

- aah, eu sou seu, sempre!

- não é, e eu sei disso...não precisa dizer que nossa história é única e que somos muito mais do que qualquer coisa...eu sei que não é!

- você está 'sabendo' errado...

- ah é?

- você é a única que me desperta a vontade de ser diferente, eu sei que eu faço tudo errado sempre, sei que as vezes pode parecer que eu não me importo....mas eu me importo com você, com o que você sente e pensa, com o que eu quero passar com você ainda, e como eu quero sempre te ter do meu lado!

- como você pode me dizer essas coisas assim?!

- é porque é a verdade...eu sonho todos os dias com você, em te ter comigo.

- como eu posso acreditar em você?? você me diz isso enquanto está namorando, o que você diz pra ela? que está com ela por diversão? as mesmas coisas que você me diz, você fala pra ela quando vocês se encontram...por que comigo seria diferente?

- por que eu te amo!

- não sei porque ainda paro pra ouvir você...

- por que você também me ama!

- tchau!

- eu só quero você, por favor, acredita em mim...eu sei que você ta lendo, então, eu vou dizer...eu me lembro de cada um dos momentos que passamos juntos, de como a gente se conheceu aquele dia na escola, que você esbarrou em mim...lembro de cada dia que você ficava fazendo carinho na minha cabeça pra eu dormir...do dia que nós brincamos feito criança, jogando as coisas um no outro, e como você ficou me dando beijos no rosto pensando que tinha me machucado...lembro da primeira vez que te vi de um jeito diferente, do jeito que você me olhou e cuidou de mim quando eu bebi demais...e mais que isso, lembro de cada detalhe dos dias que tivemos juntos, das suas palavras, do seus gestos, seu jeito tímido de me olhar...eu passo todas as noites pensando em você, não sei se você lembra, mas quando eu comecei a namorar, você estava com aquele cara...eu fiquei desesperado, achei que ia te perder pra sempre...e só quis uma maneira de tentar nao pensar em você...mas não consegui, não sei porque...desculpa te encher de bobagens, desculpa ser um idiota as vezes...eu não sei mais viver sem você...estou indo, beijos

-ei... fica mais um pouco, por favor?!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

- você tá podendo falar?

- to, pode falar.

- po, queria falar contigo, pedir desculpas e tal por tudo...

- tá desculpado.

- não... é sério, por tudo mesmo...

- tá desculpado.

- cara, eu sei que eu fiz um monte de merda, sabe, que eu nem liguei, sabe? mas eu tava precisando de tudo aquilo... eu sei que eu machuquei você, que te decepcionei e porra, tem tanta coisa pra falar que eu nem sei por onde começar..

- pelo início.

- ah, não me diga?

- ué, você não sabe, eu te ajudei.

- tá, sério agora. cara, to ligado no quanto você sofreu e tudo.. eu sei que eu falei um monte de merda pra você, mas eu pensei depois, eu me arrependi, mas eu não podia falar pra você, porque eu queria que você vivesse sem mim, porque eu sabia que se você ficasse pensando em mim você ia sofrer, porque eu não ia tá aí com você e só ia te machucar mais e tal... cara, lembra daquela paradaque você me falou?

- hum... não. qual parada?

- que ia ficar pensando em mim sempre e tal, que ia rezar por mim, pra tudo dar certo, mesmo que a gente não se falasse. eu queria que você soubesse que eu pensei, sério, eu lembrava de você.. eu sei que é horrivel falar isso, mas quando eu tava com uma garota eu imaginava você, sério, idiotice, mas é verdade, não queria assumir pra mim e nem pra você que eu pensava...

- cara, desculpa se eu menti pra você, se eu decepcionei você, mas po, eu tive outras coisas pra me preocupar nesse meio tempo... :T

- não, é, to ligado... desde quando você bebe?!

- desde sempre.

- desde sempre nada. quando você namorava comigo você não bebia.

- quando você namorava comigo você não fumava.
(silêncio)

- tá cara, foi mal, eu menti pra você, mas porra... eu queria que fosse tudo perfeito, sabe? eu sabia que ia ter que acabar, queria te agradar sempre. mas você não bebia na minha frente.

- mas eu nunca falei pra você que eu NÃO bebia.

- mas você nunca bebeu.

- hum.

- cara, é o que eu fiz foi estupidez, cara, sempre me disseram pra nunca fazer nada na sua frente, sabe? eu fiquei com um monte de garota e tal, os garotos me contaram que você ficou sabendo de todas depois que a gente terminou...

-...

- eu sei que isso é usar as pessoas, eu sei que eu te usei, sabe? eu sei o quanto você chorou sabe? o quando você pediu por mim... os moleques me falaram que você tava malzona e tal...

- é...

-...
(silêncio)

- você não vai falar nada?

- falar o que?

- acabei de pedir desculpas e falar tudo aqui você não vai comentar?

- eu te desculpei quando você pediu desculpas.

- cara, tá, seilá, só queria saber se isso te importou...

- você quer que eu seja sincera ou você quer que eu fale o que você quer ouvir?

- quero que você seja sincera.

- tá desculpado, então, po.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Oh, Deus,
Peça uma luz aos meus Orixás
Me envie um sopro de vento de Iemanjá
Peça aos deuses do Olimpo pra me ajudar

Oh, Deus,
Ache um teólogo que me estude
Envie anjos pra me apoiar
Peça um pagão pra orar por mim
Porque não tenho mais forças pra lutar

Oh, Deus,
Peça as fadas um pouco de pó mágico
Peça ao homem pra lembrar de mim
Permita a ciência me entender
Deixe um espírito bom entrar em mim

Oh, Deus,
Me indique um caminho sem volta
Não deixe que o Mal me acanhe
Coloque minhas mãos sobre minha natureza
Deixa a mãe natureza se guiar por mim

Oh, Deus,
Ajoelhe comigo a Alá
Me dê a paciência santa de Buda
Deixe Tupã e Jacy virem a mim

Que o poder de Zeus esteja comigo
Assim como a força da mudança de Apolo
Permita que Escopiões me expliquem um dia
O que hoje não consigo entender.

Oh, Deus,
Converse com Santos,
Vasculhe as Estrelas,
Pergunte aos homens
Discuta com Deuses
Analise livros
E me ajude a ser feliz.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O verde súbito da verdade

Saí de casa muito cedo. Não tão cedo de manhã, cedo de antes da noite. Eu ia andar no calçadão, mas eu ouvi um fio de vento me chamando pra perto do mar. não podia deixar de ir, era um sopro musical de vento, me fazia ignorar todo o buchicho em volta. ainda tava claro quando eu tirei o chinelo e coloquei os pés na areia. ela estava geladinha, e o mar calmo. eu andava um pouco pensativa ultimamente, claro, esse é o principal motivo pra eu estar chorando.naquela hora que você falou comigo eu não sabia que era você. eu te chamei pelo nome mas eu não reconheci sua voz. eu devia estar sentindo você ali. não esperava que você fosse me achar no meio daquela tarde cheia de gente e bolas e areia tudo... quando você conversou comigo eu estava exatamente no mesmo lugare do mesmo jeito de quando eu sentei. a marisia estava me falando alguma coisa que eu não conseguia entender, e não ia sair dali sem conseguir entender.eu não reconheci sua voz e nem sabia que era você porque achei que estava conversando com o mar. era tudo igual. não estava ouvindo palavra de gente do meu lado, só palavras de mar. minha boca cerrada indicava minhas reações internas: eu não tinha nenhum tipo de reação. estava vazia, é certo, de sorte que ainda estava muito confusa. você deve ter ficado bastante nervoso quando não ouviu nenhuma resposta minha. mas eu explico, não sabia falar lingua de gente, só linguade mar. eu sabia que você tinha me levantado, e me perguntou o que estava acontecendo. eu respondi quando eu olhei pra você com uma lágrima na ponta do nariz. você ficou calado, então deve ter entendido. não sei como é ver de fora, mas na hora que eu deitei na sua cama, eu parecia um bebê. você tava sentadinho no chão, com a testa apoiada na beirada da cama, segurando minha mão, como se eu fosse a pessoa mais indefesa do mundo. e era. eu sabia que o oceano poderia me defender, por isso que ele estava segurando a minha mão. não sei porque que eu não conseguia fechar os olhos. o choro pesado escorria pelas maças do rosto e não era necessário piscar pra me livrar das lágrimas. a dor era densa, autônoma e respondia por mim. achei um pontinho na sua colcha, deve ser poeirinha de tecido quando lava, me apeguei a ele. olhava pra ele fixamente como se conversássemos e nos entendessemos muito bem. ele era azul. tinha uns fiozinhos bem fininhos grudados na colcha,parecia que ele se agarrava pra não sumir. cada movimento que eu fazia você me acompanhava com a cabeça. eu sei que você não entendia meu silencio, deve ser muito estranho passar mais de três horas com alguém chorando sem falar. mas você me entendeu. me entendeu tanto que eu fui crescendo. minhas pernas estavam cruzadas bem junto ao peito, eu tava deitada de lado com a cabeça nos antebraços e as mãos nas suas mãos a uns trinta graus do meu ombro e você encostado na parede. agora, elas estavam mais afastadas, eu estava mais atenta, mais emotiva e mais observadora. fixei meus olhos vermelhos e inchados de choro nos seus olhos verdes que doiam. eu podia imaginar mil coisas neles: podia ver uma arvore, até duas, e contar uma infinidade de árvores até formar uma floresta, um bosque, alguma coisa fechada e misteriosa; poderia imaginar uma piscina natural, dessas que a gente acha perdida quando faz uma trilha, que tem a cor da terra habitada por mim e por você. eu só conseguia olhar pra um verde, de um olho só, porque o outro me consumia, pedia pra eu me entregar por inteiro. ficava desvendando minha vida dentro deles, ainda sem consegui parar de chorar. e aí passou uma brisa de início da noite, balançou a cortina, o quarto foi escurecendo e seus olhos cada vez aparecendo mais. agora eles brilhavam muito mais que qualquer estrela. parecia que você tinha a lua no olhar e não satisfeito em me prender com um, você consegue me prender com ou sem olhar. aí, eu já tinha crescido mais, minhas pernas estavam todas esticadas, com o corpo ainda de lado, e você estava na minha frente a um bom tempo já. não queria sair dali. conversamos uma infinidade de assuntos sem dizer uma palavra. nós rimos e choramos juntos por muito tempo só pelo toque das mãos. aí eu me levantei, súbito, como se não reconhecesse o lugar. olhei pra você assustada sem saber quem você era. olhei em volta, vi suas fotos, vi seus livros, seus quadros. cheguei a pensar numa música no violão, mas não conseguia entender porque... quando eu me encontrei no seu verde absoluto, eu me prendi, saí de mim e me coloquei em você, e você me aceitou, comosempre esteve ali e sempre me ouviu, sempre me entendeu. eu me joguei no seu abraço fundo, me senti amarrada pelos seus cotovelos na cintura e cuas mãos no meu quadril. consegui sentir a ponta do seu nariz procurando o meu, o desvio que ele fez pra encontrar o canto da minha boca, e desmaiei acordada quando você me beijou.

Colecionador de lágrimas

eu contei infinitas lágrimas jogadas fora. algumas ao vento, outras no banho, outras no tempo. infinitas outras, talvez a maioria, guardadas no travesseiro. não que eu tivesse a real intensão de guardá-las, mas elas foram espontâneas de um sentimento inesperado. talvez sentido, porém inesperado. eu resumo em infinitas porque não sei ao certo quantas foram. terminava a conta num dia e no outro ainda tinha mais uma infinidade pra eu contar. isso no travesseiro, ao vento só tempo pode me dizer. Perder a conta nesse tipo de tarefa era fácil. era muito simples contar uma e derramar duas. Então mudei a tarefa. me indiquei um trabalho de lembrar o motivo de todas as minhas lágrimas. Contei tantos motivos, uma infinidade de motivos, muitos motivos e quanto mais eu lembrava, mais eu chorava. por muito tempo contei lágrimas e lembrei motivos, muitas vezes dei motivos e derramei lágrimas, e não contei um só momento que me pudesse fazer sorrir. então me dei outra tarefa. contei um motivo. não conseguia achar outro. então vasculhei, vasculhei a mente, perguntei ao tempo, ao vento, ao travesseiro e todos eles assim me responderam, tão facilmente quanto perder a conta em lágrimas: eu tinha infinitos motivos pra chorar e só você pra sorrir.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

2.

É claro que eu continuava tensa. Não sei porque, mas eu ainda estava ali sentada olhando pra ele. Comecei a perceber os assuntos. Ele falava de mim como se já tivesse me visto muitas vezes, o que não deixava de ser verdade. Estava com as bocas cerradas, mexendo no guardanapo que fora trocado.

-Desculpe, sei que interrompi.
-Não, de forma alguma, eu já estava de saída.
-Não vai ficar? Acabou de pedir uma sobremesa...
-Claro, me desculpe, estou atordoada hoje.
-Talvez você possa pensar que eu já sabia de tudo, mas faço questão de informar que também fui enganado.
-Eu vou matar Alice quando chegar em casa, sibilei.
-Como?
-Nada, estou um pouco envergonhada pela situação.

Tudo que poderia ter dado errado no mundo aconteceu especialmente naquele dia. Eu tinha dado uma volta imensa pra chegar ao trabalho, porque houve um acidente na Avenida Principal, ou seja, chegaria ao trabalho atrasada. Ainda mais porque saíra da casa de Alice, meu apartamento estava em reforma. Não que o Grand Pallace Hotel me puniria, afinal sou uma das sócias, mas eu tinha cerca de um zilhão de folhas de pagamento pra revisar. Meu pneu furou, assim que imbiquei o carro no estacionamente, e portanto, atrapalhei a circulação pra dentro do Hotel.

-Quer ajuda Dona Raquel? Postrou-se o porteiro da frente, Seu Emanuel. Um senhor alto, até em forma, devido às caminhadas que fazia depois do expediente no Hotel. Era comum eu encontrá-lo quando voltava pra casa pela Avenida da Praia.
-Quero sim, muito obrigada, estou completamente às avessas hoje.
-Não tem problema,pode ir que eu coloco o carro pra funcionar.

O incidente do carro só não foi o pior, porque ao meu lado no restaurante, sentava-se uma senhora, robusta, tinha as bochechas infladas e vermelhas, não sei se por excesso de blush ou por ser estufada mesmo, que acabara de deixar a taça do Vinho do Porto que tomava cair do chão. Num restaurante tranquilo e silêncioso, qualquer alfinete que desprenda de uma blusa é motivo pra espanto.

- OH, CÉUS! Exclamou assim que esbarrara na taça, antes que caisse no chão.
-Por favor, deixe-me ajudar a...

E antes que pudesse demonstrar qualquer ajuda, a mulher de terninho rosa em conjunto com a saia havia se levantado, e esbarrado na bandeja do garçom. O som de talheres, pratos caindo no chão, e o cheiro que a Ceasar Salad, temperada com pimenra e pedaços de rosbife ficou entrenhado em minhas costas até chegar num lugar limpo, seco, calmo e longe de alvoroços.

-Minha querida, me perdoe... não tive a intensão de incomodá-la.
-Raquel, deixe-me ajudar. Levantou aquele deus do Olimpo em forma de homem com um guardanapo na mão.
-Está tudo bem, a senhora pode ficar despreocupada, eu já estava indo embora.

Eu nem tinha me dado conta de que a sobremesa já viera e virara caldo de sobremesa com Ceasar Salad. É um disperdício, tenho que adimitir, misturar Rosbife com um delicado Petit Gateau.

-Eu te levo pra casa. Comunicou meu parceiro de viagens desconhecido
-Não é necessário - disse eu, abrindo a bolsa sem encontrar as chaves do carro e lembrando de que viera de taxi - o motorista do taxi está me esperando - menti - não precisa se incomodar.
-Não será incômodo.

Era realmente difícil acreditar de que ele não estava dentro da quadrilha que formaram pra me atingir. Nessa altura eu estava um verdadeiro jantar em forma de gente, roxa de vergonha, sem duvida nenhuma. E com uma situação inesperada à minha espera.

Nunca tinha sido levada pra casa por um estranho, no máximo amigos, mas eu normalmente servia de motorista até a minha casa que era um verdadeiro hotel de amigos não-pagantes e beberrões. Mas agora, por que diabos eu tinha vindo de taxi? Nem sei porque eu deixei o carro em casa. Tinha uma criatura de um metro e oitenta e pouco do meu lado, servindo de aparador pra que eu pudesse andar de salto até seu carro. Em súbito, lembrei-me de que ia para a casa de Alice depois do jantar, porque meu apartamento estava em reforma e combinamos de resolver nossas férias na ilha. Por alguns segundos, o meu coração saiu do peito e foi até a boca, num palpitar sem fim. Minha boca estava seca, exatamente quando fui para a casa de Alice, há uns 6 anos, e ela me deixou fazendo companhia para o garoto que eu achava que ia ser meu marido. Que bom que ele não foi aprovado no teste. Mesmo que eu não tivesse experiência. Ele tinha um cheiro horrível de cigarro.

Em contraposição, estava ele, com um cheiro característico de Azzaro, uma blusa caqui de manga três quartos, no estilo bata masculina, de calça jeans e tênis, com o cabelo ainda mais bagunçado, me carregando pelo braço. Nem tinha reparado que eu olhava pra ele fixamente.

-Se olhar muito eu quebro.
-Oi? Acordei.
-Nada, está tudo bem com você?
-Desculpe, como é mesmo seu nome?
-Eduardo, fique a vontade com os apelidos. Sorriu um sorriso encantadoramente branco.
-Obrigada, ah... Eduardo. Não sei como dizer, bom, é que Alice... Quer dizer, eu ia dormir da casa de Alice hoje, meu apartamento está em reforma...

Hoje era quinta feira e Alice dava plantão no hospital a Oeste da cidade, Deus, como eu poderia ter esquecido?! Era verão, os pequenos hotéis estavam cheios, minha experiência em coordenar eventos hoteleiros sabia disso. Não tinha como eu ir para o Pallace. Às vezes eu me pergunto porque é que eu não faço as coisas como devem ser feitas. Durante a semana anterior inteira Alice me avisara de que havia chaves reservas no corredor da cozinha. Eu poderia apanhá-las quando fosse necessário. É claro que não usei uma vez sequer, afinal encontraria com Alice todos os dias durante um mês e jantaria com ela hoje. Não restava dúvidas, eu montaria um plano de ataque contra Alice.

-Tem certeza de que está tudo bem com você? Perguntou-me abrindo a porta do carona. Não sabia que homens assim ainda eram fabricados.
-Olha, Eduardo, não é? Não pense que estou de acordo com tudo isso. Quer dizer, não fico confortável nesse tipo de situação. Alice está no Hospital, dando plantão - falava tremido e olhando pra baixo, gesticulando forte - infelizmente tudo deu errado nesta quinta-feira e - ele já havia ligado o carro e o ar condicionado, o perfume perfeitamente escolhido tomava conta do ambiente, que agora estava ao som de John Mayer.
-Bom, espero que não se incomode em dormir na minha cama. Qualquer um perceberia seu estado de nervosismo, não precisa me explicar.

Acho que eu não tinha mais franja. Bem que meu irmão falava que eu devia fazer alguma terapia, ficava nervosa constantemente, em qualquer situação fora do comum. Felipe chegou a roubar minha agenda há uns 3 anos e eu fui obrigada a dormir sob efeito de calmantes. Odiava sair da rotina.

-Dormir aonde?
-Dormirei na sala, não se preocupe. Disse ele com uma voz musical num tom despojado, que provocou o equilíbrio na minha respiração e um meio sorris. Adorava pessoas assim. Gostaria muito de ser como elas.

-Não sei se você percebeu, mas você está com cheirinho de salada.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

1.

Estava sentada numa mesa pra dois. O restaurante estava bem iluminado, o estilo clássico, com cores pasteis e calmas, detalhes dourados e a mesa milimetricamente posta. Havia dois pratos com copos e uma mulher sozinha. Talvez quem me olhasse poderia pensar que estava esperando por alguém, mas se surpreenderia quando reparasse que eu já estava jantando. Resolvi me arrumar sem motivo. Combinei o ambiente Clássico com uma aparência moderna. Estava dentro de um vestido preto liso, que ia do decote do meu pescoço aos meus joelhos. Era cavado nas costas, sem ser abusivo. O cabelo estava preso, num alfinete gigante brilhante e singelo.

Não fazia a menor idéia do que eu estava fazendo aqui. O lugar não tinha nada a ver comigo. Não estava com roupas cabíveis. Fui como quem vai a uma reunião de amigos e não tinha idéia do porquê de ela ser ali. O pé direito era alto, o acabamento da porta de entrada era em jacarandá, ela era de vidro, que abriram automaticamente quando eu entrei. Era espaçoso, brilhante e claro, calmo e discreto. Era o melhor lugar pra se combinar um jantar e não uma reunião. Contudo, dentre todos os detalhes miúdos e iguais, devido às cores, um ponto preto me chamou atenção. Tentei deslumbrar daquela visão das costas ligeiramente torneadas, abaixo do cabelo preso num coque. Poderia ficar ali mais alguns minutos, até me perguntarem no que poderiam ajudar.

Eu, sinceramente, desisti de esperar. Mesmo arrumada sem motivo, afinal, não haveria quem impressionar, pedi que retirassem meu prato, ordenei um copo d'água que me foi trazido rapidamente. Acompanhei cada detalhe e cada passo pensado entre o espaço do que deveria ser a cozinha e a minha mesa. Assustei-me com metri do restaurante, que punha as mãos na cadeira e inclinara-se para informar sobre meu acompanhante - que eu não esperava - e me disse que a mesa também havia sido reservada em seu nome. Não analisei. Eu detesto ficar sozinha em lugares desconhecidos. Por não ser nem um pouco corajosa, eu me apego às pessoas como guias do cotidiano. Concordei em deixá-lo sentar, afinal, já estava de saída.

A mulher que me abordou na porta me encaminhou até um homem bem aparentado, alto, que me levou até minha mesa. Quando colocou as mãos atrás da cadeira da mulher que havia visto, percebi que informou-lhe quem eu era, e que já havia jantado. Com sua permissão sentei, com absoluta timidez por não conhecê-la. Podia jurar que estava mais rosado que qualquer outro detalhe do restaurante. Ela olhou pra mim e pediu-me licença, e eu perguntei se ela estava esperando alguém, pois havia ocupado o lugar. Me respondeu com um ''sim'' envergonhado, disse que uma amiga a tinha convidado pra conhecer o restaurante, mas que aconteceu algum imprevisto. Comentei que também havia sido convidado por um amigo, que não via há algum tempo.

Com o olhar baixo, procurando o cartão de crédito na bolsa, pude ouví-lo me perguntar se havia incomodado, pois eu poderia estar esperando alguém. Levantei os olhos, abaixo da maquiagem discreta, e fitei-o, não sei se foi um segundo ou dois minutos. O cabelo bagunçado denunciava um ar esportivo ou espontâneo. A face era quadrada, possuidora de olhos cor de mel, ou castanho claro, não sei bem. A barba estava mal feita propositalmente. Fiz que sim, e informei que esperava uma amiga, mas que por algum incidente não comparecera. Baixei o olhar novamente, e levantei-o somente quando o garçom trouxe quanto deveria pagar. Para iniciar uma conversa, ele me contou que também havia sido convidado por um amigo que não via a bastante tempo, e quando percebeu que eu estava pagando minha conta, fui interrompida com uma mão. O garçom inclinou-se para atender meu acompanhante inesperado, ignorando-me completamente. Dei um sorriso sem graça, objetei, mas fui vencida pelo movimento das mãos me dizendo ''eu faço questão de assumir''.

Sua timidez parecia ainda maior que a minha. Com o olhar baixo, olhei para a franja do cabelo que havia escapulido do resto do penteado. Era liso e fino. A boca, delineada, e os olhos chamativos. Era impossível não prender-se a eles. Vi que o garçom chegara com uma bandeja e que ela se colocou no posto de independente. Apesar de não fazer idéia do quanto tinha gasto ali, interrompi, fiz questão de pagar. Ela agradeceu, disse que não precisava, mas fiz com que o garçom a ignorasse completamente.

Apesar de já ter jantado, aceitei o convite para acompanhá-lo. Não prestava um minuto de atenção no que ele falava, apenas no movimento da boca e dos músculos da face que a regiam. À primeira vista, era perceptível nele um ar agitado e livre. Ao contrário de mim, regrada e quieta, ele falava de todos os lugares que eu havia estado, apesar de não me lembrar dele. Procurei na memória pessoas que poderiam ter me acompanhado e, depois de fazer uma pequena lista em minha mente, descobri que Alice e Tom começaram a namorar numa dessas viagens. Eu ia matar Alice quando a encontrasse.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

parei pra tentar me entender, mas acho que não consigo...as vezes penso que não sinto o que acho que sinto...as vezes penso que não vivo pro que acho que vivo...e nessa busca de um encontro comigo, me perguntei se seria mesmo tão indecisa assim...metade de mim disse que não e a outra disse que sim.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Eternidade

Eram duas da manhã, e eu ainda podia sentir o cheiro da chuva entrando pela janela. A lua era minguante, misteriosa, encantadora; para mim, apenas mais um feixe de luz, em uma noite sem respostas. Minha alma não daria àquela lua a atenção que ela, com certeza, merecia. A lua sempre me deu a chance de pensar, eu adoro olhar pra ela e pensar como ela reflete nossas vidas. Dividida em fases, ela começa do zero, na fase Nova esconde-se atrás de seus medos, dúvidas e incertezas, ainda com vergonha de sua luz ser um pouco menor que a do sol (mal sabe ela a importância que sua luz tem pra mim, e para muitos tenho certeza), deixa nosso céu apenas com as estrelas. Logo depois, a lua Crescente; ela ganha confiança, apesar de ainda tímida, e começa a mostrar seu brilho, sua realeza... E cresce, cresce, acumulando experiência, ganhando força e se torna Cheia; cheia de esperanças, cheia de vida, cheia de luz, agora ela sabe sua importância e a necessidade que o céu tem de sua presença. Mas, assim como nós que temos uma vida com início, meio e fim, a lua também tem que encerrar seu ciclo, e se tornando Minguante, como a lua daquela noite, deixa apenas um rastro de lembranças daquilo que havia se tornado, na lembrança de quem havia acompanhado aquele ciclo de vida, guardando os segredos de uma ‘vida inteira’, tudo que presenciou e iluminou com sua luz. Encantadoramente linda; timidamente triste. E eu que havia dito que não daria a atenção merecida à lua, perdão pela contradição. Então, eu falava da noite...

Eu revezava minha atenção entra a janela e o telefone, mas ele não aparecia em nenhum dos dois. O problema era a noite anterior. Discutimos muito, e eu ainda nem sei por quê. E ele foi embora, bateu a porta enquanto eu ainda chorava trancada no banheiro, tive tempo apenas de correr para a janela e ver seu carro saindo pela garagem. Eu não conseguiria dormir com aquela angústia, aquele sentimento cortante. Então comecei a esperar, era só o que eu podia fazer. Voltei-me para nossos momentos juntos, foram tantos. Como o dia que nos conhecemos numa celebração de amigos, ele sorriu pra mim e eu me encantei quase que imediatamente... O dia que ele me trouxe flores e as alianças junto com o café da manhã, e fez a declaração de amor mais bonita que alguém poderia fazer, me pediu em casamento e passamos o dia deitados, olhando para o futuro. E agora? Haveria futuro? Já havíamos brigado tanto, que eu nem sabia mais.

Comecei a pensar, então, em como seria a minha vida sem ele. E percebi que não havia algum plano ou sonho que eu pudesse construir sem sua presença. Ele se tornou insubstuível e completamente essencial. Como seria acordar sem ter ele ali ao meu lado? Um calafrio percorreu todo meu corpo, e as lágrimas voltaram. Não! Ele não podia ir embora daquele jeito, apenas sumir no meio da noite, como se ao fechar aquela porta, ele deixasse do outro lado tudo que fomos um para o outro. Ele não podia ser tão frio, não o homem que eu conhecia e escolhi pra mim.

Passei a noite em claro, e o dia na escuridão. Perdida e petrificada. Não tinha um caminho para seguir, uma alternativa. Apenas, como disse antes, esperar. Então chegou a noite, e ele ainda não havia dado nenhum sinal, nem mesmo de que não voltaria mais. Achei que pelo menos teria direito de saber, caso ele decidisse não voltar mais. Meu corpo já não respondia mais, meus olhos não saiam das janelas, a rua vazia aumentava a dor no meu peito, a expectativa que noite trazia consigo era injusta. Decidi tomar um banho, havia ficado parada tempo demais no sofá. Me enrolei na toalha e entrei no quarto para escolher, ou melhor, pegar qualquer roupa que estivesse ao alcance, não era momento para vaidades. Ao abrir o armário, vi a camisola que ele havia me dado de presente um tempo atrás, era linda! Tinha umas fitas vermelhas que trançavam as curvas do meu corpo até a cintura, e depois o cetim caia até meus pés, se acomodando por cada parte do meu corpo. Decidi vesti-la, já com um pouco de saudades da reação dele quando me via com ela. Hipnotizado.

Ouvi um sopro da noite, o vento corria pela casa, passando suavemente pelo meu rosto e me fazendo ganhar esperança de que ele voltaria pra mim, pra nossa vida, e pro nosso futuro. Ele não havia me deixado, apenas saiu pensar. Eu o amava tanto que preferia pensar assim. Cada minuto que passava, fazia crescer meu desespero, eu não podia perdê-lo. Então, decidi que, se ele não me procurasse, na manhã seguinte eu sairia a sua procura. Ele não poderia ter ido muito longe, no máximo atravessado a cidade para a casa onde seus pais moravam desde que se casaram, onde ele cresceu e viveu até nos conhecermos. Seria assim, sem orgulho, e com um pouco de medo. Eu não sabia mais viver sem ele.

Já passava das 4 horas da manhã quando, anestesiada por meus pensamentos, ouvi alguém bater na porta suavemente. No mesmo instante meu coração parou, tremia tanto que meu corpo demorava a responder aos meus comandos. Levantar, andar até a porta, seria mesmo tão difícil? Seria mesmo Ele? Andei devagar, com medo da decepção e com a esperança me queimando por dentro. Rodei a chave. Não me atrevi a verificar quem era antes de abrir. Abri a porta devagar. Era ele, por trás de um enorme buquê de rosas vermelhas e brancas, ele sabia que eu preferia as brancas. Tirou as flores da frente do seu rosto e disse com toda delicadeza e paixão que só ele sabia usar: “Desculpe-me por esse dia. Detestei cada segundo sem você. Me aceita de volta?”, paralisada, resgatei a última força que eu havia guardado especialmente para esse momento e respondi, “Só se você prometer voltar para sempre”. Ele sorriu o sorriso mais lindo e ali eu tive certeza de que aquele sorriso era meu, por toda a eternidade.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Às vezes o sentimento é como uma doença. Às vezes você tem e deseja não ter, como se aquilo fosse curar a vida de alguma forma. Quase sempre ele é uma doença crônica: não tem solução, não tem fim, mas tem controle. Em alguns casos você consegue controlá-lo sozinho e se adapta muito bem a sua existência. Outras vezes, sua presença é tão comum e indiferente que as reações já são automáticas e não há problema em conviver com ela.

Nos casos mais complicados, aqueles que você tem e consegue conviver, você finge que se engana e se fecha atrás de uma máscara. Passa a ignorá-lo na frente dos outros, pois ele é controlável, mas sua existência te incomoda. Os sintomas mais comuns para detectar essa doença são sorrisos adversos, olhares profundos, tanto em si, quanto nos outros, além de ataques fulminantes de rejeição ao mundo que não duram mais de 3 dias e o desacompanhamento frequênte.

Esse tipo de sentimento ataca os olhos, a boca, os ouvidos, os músculos e o desempenho social. Nos olhos, é perceptível uma alegria constante proporcianada pelo brilho das lágrimas de todos os dias. A boca torna-se ágil, colocando o ouvido contra parede. Os músculos vivem sob o comando da tensão e da sístole contínua. O desempenho social fica afetado primeiro por causa do autotrancafiamento, segundo pela felicidade irremediável, terceiro porque você muda o círculo de amigos e quarto porque você passa a ser capaz de viver sozinho em qualquer cirscuntância ou lugar, independente do período de tempo.

A posologia é feita de diferentes formas, mas é preciso ficar em observação. É necessário notar quando o outro desconhece sua doença e não age por mal, ao contrário do que sua mente te obriga a ver. Además, deve-se ter receio caso sinta algo diferente no ar, fique atento ao sentimento recíproco ou a brincadeira inconveniente ao coração mole. Por fim, o passado deve ser deixado de lado, pois agora a conjuntura é diferente. É recomendado a aceitação dos hábitos e das condições, tomada a consciência de que se você muda, o mundo muda.

Profilaxia: idas frequentes à praia, ao teatro, 10 horas de sono nos dias úteis, e alimentação saudável, mas nada que uma extravagância vá atrapalhar. Não há restrição sobre exercícios físicos, faça aquele que dê prazer com acompanhamento adequado. Ande munido de dinheiro para um cineminha ou um café sem aviso prévio. Permita-se. Melhor prevenir do que remediar.

Em caso de baixa autoestima, o melhor amigo deverá ser consultado.

Observação: Essa anomalia é encontrado em mulheres, em sua maior parte, dos 15 aos 30 anos, e homens, de 20 a 25 anos, que possuem vidas regradas e repletas de tarefas, dotados de estresse e angústias por um passado interminado.