sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Definição

Tive meu dia perdido, por deixar que meus pés tocassem na água, ela que purifica e envolve, tal qual a própria ressaca. Nela que se cambaleia, e flui, e vai, que volta. Deixei-me levar por ele, de modo que agora não sei mais de mim; leva, Oceano, mas volta pra mim. Busca o teu, eu te espero. Traz tempestade de veraneio, traz náufrago de coembarcação, eu suporto tua força. Eu me lanço ao mar, me deixo por ti, que decidas de mim, que faças de mim o que és, pois não sou gente, eu sou mar. Eu sou assim.

Só pensamentos...

Me pergunto qual é o real sentido de ser. Ser livre, ser leve, ser solto, ser vivo. Alguém, alguma vez, me intrigou ao falar em códigos, me fez decifrálos, me fez entender o que é fé. Fé na existencia, fé na dor, fé nos outros, ainda que não sejam numerosos e próximos. Qual é o papel de alguém aqui? Ou no lugar que busca? Qual é o maior desejo comum? Qual é o maior desejo de cada um? Quais foram os erros que deveria ter cometido? Qual os riscos que gostaria de correr? E parar. Olhar em volta, olhar pra si de si. Sair. Ser de dentro pra fora. Qual é o valor de alguém? Será que todo mundo tem um preço? Que tipo de preço? Em razão de que? Qual é o melhor momento da conversa? Existe regra pra viver?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amedrontrar-se

Ter medo é não ter desejo.
Ter medo é ter vergonha
Ter medo é ser preso
É ser confinado.
Medo é medo de ter medo.
Ter medo não é ser prudente,
é ser imprudente.
É não saber arriscar
É não saber se impor.
Mas não ter medo é muito complicado
Pra ter medo tem que saber controlá-lo
É saber a hora de vir à tona
É saber ser sozinho
É saber dividir
É saber ser.
Ser corajoso não é nã ter medo.
É ter medo e saber usá-lo
Ou não usá-lo
Ou superá-lo
Ser prudente não é ser previnido.
Ser prudente é saber agir,
Saber como, saber onde, saber por quê.
É ter um quê de medo e não se render.

Amor

Amor é uma váriável.
Exatamente por isso,
é vago.
Amor é momento
É conversa
É o olhar eterno
O mergulho imensurável
O abraço infinito
O tempo mal contato.
Amor não é físico.
Amor é dualista
É duplo
É variável.
Amor é assunto mal resolvido
É devaneio consciente
É choro apertado,
alegria inquietante.
Amor é fim de tarde com separação
É independência de si
É carência de outro.
Amor é situação inesperada
É situação planejada que não acontece.
Amor é sublime
É cego
É ardente
É incerto.
É sexo.
Amor não é convívio
Amor é respeito
É limite
É despeito.
Amor é indefinível:
ele assume diversos significados.

Saber do mundo

Novidade
Render
Arrepender-se
Lembrar
Rir
Sorrir
Olhar
Esquecer-se
Beijar
Sofrer
Cair
Colocar
Ensinar
Aprender
Voltar
Medir
Desculpar-se
Queixar-se
Partir
Querer
Mudar
Mudar-se
Reunir
Ler
Ver
Escutar

Viver

Saudade

Sentir falta é muito diferente de sentir saudade. Sentir falta é sentir saudade do jeito, do momento, do conjunto. É olhar pro hoje e não ver o convívio. É querer voltar e manter. É ver que faz diferença. Sentir saudade é um lembrar do momento, é voltar a ele esporadicamente, é rir momentaneamente. É seguir sem querer manter. É ver que o convívio acabou. Que não é mais contíbuo. Sentir saudade é saber que não faz falta. É saber que acabou. É viver mesmo assim.

domingo, 1 de novembro de 2009

Recompensa

Se nós perdessemos todo o trabalho, todo o dinheiro, todas as pessoas, todas as coisas e começassemos a perder o tempo, a perder o lógico, perder lugares, perder jogos, perder a sede, a fome, perder a ambição, os pecados, as virtudes e conseguissemos ficar com o abstrato, com o indivíduo, com o calmo, com o tranquilo, com o sincero, com o ilógico, talvez alguns de nós se perderiam e somente aqueles que conhecem a si suportariam.