quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O sorriso do olhar

Eles se olharam de longe, e era como se não houvesse mais ninguém. Ela entendia o olhar dele, Ele estava desesperado. Ele sabia o que ela sentia, era a mesma saudade. E já era tarde pra eles, era tarde demais para aquele abraço que era a coisa que mais queriam naquele momento. O tempo precisou passar para que eles entendessem, precisavam um do outro. Foram tantos erros, tantas complicações, e era tão simples. Deixaram escapar a chance de serem felizes juntos, mas ainda não conseguiam esquecer. Cada beijo, cada abraço, cada sonho. Não precisavam dizer nada um pro outro. Ela se encantava com um simples sorriso dele, a coisa que ela mais amava, que fazia ela contar os segundos para vê-lo novamente. Ele ficava hipnotizado pelo olhar dela, e nada mais tinha razão sem aquele olhar, ele mergulhava naquele brilho e se sentia tocando as estrelas. Eles não podiam mais ficar juntos, e até hoje não sabem por quê. Suas vidas se cruzaram com outras vidas, e a vida que iam construir juntos ficou pra trás. Mas, eles sabem que tudo vai estar sempre ali, ao alcance dos sonhos, e vão sentir saudade. Mesmo que seja só nas lembranças...ainda que seja só de longe...eles vão continuar se olhando.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ela voltou de manhã completamente desnorteada. Não fazia idéia de onde passara a noite anterior e estava ligeiramente bêbada. Sentou-se no sofá com o peito apertado e uma vontade incontrolável de chorar. Seu forte havia sumido, desabara em ruínas.

Subiu, foi até o banheiro, olhou no espelho o deserpero da perda e repetiu no pensamento que seguiria em frente, tendo consciência de que estava mentindo. Debaixo do chuveiro, ouviu o telefone tocar algumas poucas vezes, mas não se intrigou e muito menos atendeu. Sua vontade de viver tinha morrido, sua vida tinha acabado.

Quando saiu, ouviu o recado na secretária eletrônica: "Meu amor, estou com você pra tudo. Chego de Boston às sete. Continuo amando vocês."

domingo, 23 de agosto de 2009

Os outros...

Estive parando pra olhar a vida alheia. Tudo começou na minha própria vida. Eu fiquei impressionada como a diferença me incomoda, ou melhor, a indiferença. Aliás, não entendo como alguém não consegue se espelhar num outro alguém. Ou simplesmente estar ali sem nenhum vínculo interesseiro. É lógico que a nossa vida é uma troca, mas ela deve ser benéfica.

Não faz pouco tempo que convivo com isso. Me deparei com algumas situações normais para a maioria e completamente esquisitas pra mim e acabei percebendo que o ser humano perdeu o sentimento de companherismo. Como as pessoas falam mal umas das outras sem o menor, ou maior, motivo pra isso! Simplesmente por falar. Quanto talento pra criar intrigas de uma hora pra outra! Quanta falta de coragem. É, parece que têm vergonha de tratar bem o outro. Outro dia me perguntaram se eu precisava de ajuda pra ser normal, porque eu tinha deixado meus livros caírem no chão e cada vez que eu abaixava outra coisa caía. E uma vez me chamaram de estranha porque eu dava bom dia pra todo mundo, inclusive o faxineiro da escola. Que mal há em alguém ser atrapalhado ou educado?! Isso quer dizer que eu tenho alguma anomalia? Eu acabei respondendo que a minha normalidade não dizia respeito àquele primeiro ser e que se ele não pudesse me ajudar a carregar livros era melhor ficar quieto em vez de criticar. E ao segundo ser eu pedi desculpas, por eu ter educação.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ponto de vista

Depois de um tempo eu aprendi que os erros constroem alguém novo dentro de cada um. Aprendi que a família ensina somente metade daquilo que precisamos aprender. O resto a vida impõe.

Percebi que muitas pessoas que viveram comigo e juraram que tudo seria para sempre foram as primeiras a ir embora e que aquelas que apenas viveram o “presente” são as que mais existem dentro de mim.

Aprendi que não devemos planejar uma vida inteira, mas estar preparados para qualquer circunstância. Aprendi que as promessas não são dívida. São desespero. E que elas estão presentes naqueles que não são seguros de si.

Aprendi que as lições de vida são criadas dentro da nossa consciência e fixadas pelos nossos pais.

Aprendi que, mesmo tentando, eu falho. E vou falhar sempre que não estiver preparada emocionalmente. Aprendi que os ditados fazem sentido e que os grandes Ditadores foram, um dia, punidos, não pelo povo, mas pela própria vida.

Aprendi que "cada lugar tem uma coisa e cada coisa tem um lugar". Aprendi que “a paixão queima, o amor enlouquece e o desejo trai”. Que o “quase” não deve fazer parte do vocabulário e que nada deve ser feito em meio termo, pois senão “o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e os arco-íris em tons de cinza”.

Aprendi que um sorriso salva um dia, um abraço dura uma eternidade e que a verdadeira amizade é muito mais do que amor. E que a luz que vem de dentro reflete naquilo que buscamos para a força de espírito.

Aprendi que uma pessoa pode aparecer sem querer e nunca mais sumir. Que pensar positivo faz bem pra mim e para todos. Aprendi que se vive em conjunto, mas antes, em individual.

Aprendi que o Universo foi feito num estalar de dedos, mas Deus já o tinha planejado fazia tempo.

Aprendi que amor é convivência, é segurança, é independência. Aprendi que disfarçar é uma arte, e que há aqueles que nascem com o dom da mentira.

Aprendi que querer não é poder, e que poder é muito mais do que habilidade.

Aprendi que nós aprendemos sempre, mesmo quando não nos deixamos ensinar. Percebi que quem aprende a ler não enxerga mais uma letra, mas a palavra. E que para ótimo entendedor não é preciso palavra, mas o olhar.

Química é muito mais do que fórmula: é sentimento puro. E física é muito mais que experiência: é imaginação. Não existe talento. Existe amor àquilo que se faz.

Aprendi que ser “eu” é muito melhor do que ser “os outros”, porque nós nos moldamos a partir de nós mesmos e não da crítica externa.