quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não sei se eu saberia viver tão bem acompanhada como vivo sozinha. Para quem não sabe, tenho o prazer informar que estar sozinho não é ser sozinho. E que namorar não é estar cem por cento do tempo acompanhado. Às vezes as pessoas se desligam do mundo quando namoram e isso é muito singular. Depende do mundo, depende de quem namora, depende do motivo.

Durante muito tempo eu invejei aqueles que conseguiam dar uma reviravolta na vida em um mês, enquanto eu demorava mais de um ano. A indecisão é uma coisa tão irritante que eu me irritava por levá-la a sério. Hoje eu apenas sou indecisa, não preciso me irritar mais. Já sei que sou assim.

Ser assim não quer dizer ter um padrão, - acho que hoje eu vou me estender muito mais do que eu pensava -, mas se ter um padrão quer dizer ter um padrão único, o seu padrão, então tá valendo. Os meus estudos de História Política brasileira acabaram se convertendo num monte de coisas na minha cabeça, que foram confirmadas pelos professores de Geografia Política e Literatura. O conservadorismo não se restringe somente ao comércio, à produção e à política. Ele é abrangente, é cultural, é famíliar. Eu demorei, sem dúvida, menos tempo que os produtores de café pra perceber isso. Mas percebi tarde mesmo assim.

Sou conservadora, sim. Armem uma Assembléia os que quiserem discutir que isso é idiotice. Era o tempo da minha avó que os amantes ainda tinham a delicadeza, ou a vontade, de conquistar alguém. Não que existisse uma fórmula de conquista ou um copo de chopp pra bater um papo, existia estímulo, autoconfiança, sentimento mesmo, sei lá. Hoje em dia as coisas se tornaram tão banais. A minha vó me contava que ela se casou com o menino mais paquerado da escola, que jogava no time de volêi, e que eles demoraram tempo pra juntar os panos. E que as amigas dela ficavam loucas por ele ser bonito, ''esportista'' e ter um quê de sedução. Eu falei com ela no telefone esses dias e ela falou que com a minha idade ela já estava casando, ou melhor, casada, grávida da minha tia. Agora comparemos: naquela época, do conservadorismo, do bolero, do rosto colado, as mulheres se casavam por que era uma coisa social. Era terrível ficar pra titia. Hoje, engravidar com 18 anos é uma loucura, que dirá com 14. Sabe porque? Porque na época da minha vó neném, as pessoas ainda tinham algum apresso pelas outras. Ou pelo menos grande parte do mundo que ela viveu. Os filhos eram criados pelas mães amorosas, cujo dever era repassar os ensinamentos. Hoje, ter filho aos 18 é pedir pra avó cuidar, porque tem aniversário de fulaninho e vamos sair pra tomar um chopp.

É complicado. Eu sinceramente faço parte do grupo da ''ética e amor pelas crianças'', apesar de eu detestar aquelas coisas miúdas que se acham gente grande, eu ainda penso que colocar filho no mundo é uma questão se suporte. Me chamam de mal amada porque eu não quero ter filhos, justamente porque eu pretendo trabalhar muito, viver minha vida sem um filho pra prender - me desculpem as futuras mamães otimistas, filho prende e é chato educar -, porque eu acho muito melhor colocar uma criança indefesa no mundo e dar amor, dar o carinho necessário e não se presentear com uma babá de Natal porque se quer viajar com o marido. Além disso, eu me conheçoo suficiente pra saber que eu não seria presente na vida do meu neném. Nem na vida do meu marido.

Gente, eu no auge da minha juventude como diz minha tia, detesto ter que dar satisfação pra pai, pra mãe, até pra cachorra eu tenho que dar ''tchau'' quando eu saio de casa pra escola e dizer ''já volto, tá?''.Imaginem-me com um marido me seguindo no celular, querendo saber onde eu estou? Sem chance. A não ser que meu marido pense exatamente igual a mim. Aí a gente muda o rumo da prosa.

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