quarta-feira, 9 de junho de 2010

Moço, olha só...

- Mas e aí? Como está lá na empresa?

- Tá tudo bem, cara. A gente tá com uma galera nova, pegamos dois estagiários ontem. O pessoal tá disposto, isso é bom.

- A conta, senhoras.

- Vocês aceitam cartão?

- Sim só um minuto por favor.

- E o Paulo, coméque tá?

- Ah, sinceramente? Eu corri tanto atrás desse trabalho, não é por causa de um babaca que eu vou largar meu emprego. Eu to bem lá dentro. Acho que consigo aguentar o Paulo até o fim dos meus dias.

- A senha por favor.

- Pronto. Me vê um cafézinho, por favor?

- Claro.
...

- A senhora vai pagar no dinheiro ou no cartão?

- Pagar o que?

- O café.

- Pagar o café?
- Moço, quanto custa o café?

- Oito reais.

- OITO REAIS?!
- OITO REAIS?!

- OITO REAIS por um cafézinho? Moço, o senhor enlouqueceu?!

- Calma, Alice.

- Calma nada, depois de almoçar aqui, minto, ter um prejuízo altíssimo aqui, porque convenhamos, a Eduarda fez uma propaganda enganosa, eu ainda tenho que pagar oito reais por um café?!

- Eu sinto muito, diz o garçom.

- Eu também, vamos embora, Débora!

- Alice, você não vai sair sem pagar.

- Senhora eu vou ter que chamar o gerente.

- Pode chamar, coloca ele do meu ladinho que eu quero ter uma conversa com ele.

- Alice, sem confusão, dá logo os oito reais do cara e vamos embora.

- Senhoras, posso ajudar em alguma coisa?

- Pode, pode começar chamando o gerente que eu tenho uma reclamação a fazer.

- Pois não, e sou o gerente do restaurante.

- Alice, vamos...

- Cala a boca, Débora. Seu gerente, o senhor sabe quanto custa o seu café?

- Claro, eu sou o gerente do estabelecimento.

- Mas eu não perguntei o seu lucro. Perguntei quanto ele custa pra ser produzido.

- Minha senhora, eu sou o gerente do restau...

- Pois bem, como gerente do restaurante, o senhor deveria saber que uma xicrinha de café, custa oito reais. Mas vocês cobram 6 vezes! do valor que é gasto pra produzi-lo. E se o senhor for um bom economista, o senhor vai entender que existe uma margem de erro de toda venda e que os produtos vendidos aqui não podem ser pagos pelos oito reais do seu café. Porém, o custo de produção do café pode muito bem ser sanado quando o senhor vende os outros produtos.

- Alice, pára de show. Paga logo os oito reais do homem e vamos embora.
- Não-vou-pa-gar-na-dá. Aliás, moço, o fogo que o senhor usa pra fritar minhas batatas fritas (outra reclamação que tenho a fazer, elas estavam murchas) é o mesmo fogo que o senhor usa pra esquentar a água do meu café, com o mesmo gás.

- Senhora o café é expresso.

- Outra reclamação, eu pedi ao garçom que o café não fosse expresso e o garçom disse que já ia trazê-lo. Portanto, funcionário mal informado e mal atendimento.

- Senhora, tudo bem, pode ir, não precisa pagar o café, fica por conta da casa, muito obrigado. Se me derem licença...

- Eu que agradeço moço, muito obrigada, desculpe a situação embaraçosa. V-A-M-O-S embora, Alice.
- Nunca mais venho nesse restaurante.
- EU que nunca mais venho a restaurante com você.
- Débora, eles queriam que eu desse oito reais no café! Eu não...
- Eu entendi, Alice, eu estava lá. Onde paga o estacionamento do Shopping?
- Não sei, pergunta ao segurança...

- Moço, onde paga o estacionamento?

- No segundo andar!

- Muito obrigaga!
- Muito obrigada!

Algumas lojas depois...

- Onde você deixou o carro?
- No 3G eu acho...
- Paga aí que eu vou procurando.
- Peraí, Alice, você tem trocado pro estacionamento?
- Tenho. Viu? Se eu tivesse pago o cafézinho não ia ter dinheiro pro estacionamento. Eu falo que esse tipo de coisa é um absurdo,aí quando vocês preci..
- ALICE, o dinheiro.
- Quanto que é o estacionamento, moço?

- Sete reais.

- SETE REAIS?!
- SETE REAIS?!

- SETE REAIS pra deixar meu carro na garagem do Shopping por UMA hora?! Moço, olha só...

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